sábado, 7 de janeiro de 2012

"Samitério das Mascotes" - Excertos


"Samitério das Mascotes", de Stephen King.

(Pet Sematary)

Excertos:

"- Sabem o que está lá?
- Sim. O cemitério das mascotes - elucidou Crandall.
- O cemitério das mascotes... - repetiu Louis confuso.
- Não é assim tão estranho como provavelmente lhe soa - prosseguiu Crandall, fumando e balouçando-se na cadeira. - É a estrada. Mata uma quantidade de animais, aquela estrada. Cães e gatos na maioria, mas não só. "
(cap.6 - pag. 25)

"-Aquele Samitério das mascotes é, por vezes, o seu primeiro encontro de caras com a morte- observou Jud - Vêem as pessoas morrer na televisão, mas sabem que é tudo a fingir, como nos filmes de cowboys, as pessoas levam as mãos ao estômago ou ao peito e caem. Aquele lugar no cimo do monte parece-lhes mais real do que todos os espectáculos apresentados no cinema e na televisão, não lhe parece?
Louis esboçou um aceno de cabeça afirmativo, pensando, ao mesmo tempo: "importa-se de dizer isso mesmo à minha mulher?"
(cap. 10 -pag. 55)

"- Foi muito mau para a Ellie, Lou? Ficou perturbada?
"não", pensou, "ela sabe que as pessoas de idade morrem regularmente, como sabe que deve largar o gafanhoto quando cospe... como sabe que quando tropeça no numero treze ao saltar à corda lhe morre a melhor amiga... como sabe que se vão colocando as sepulturas em circulos cada vez menores, lá em cima, no Samitério das Mascotes...""
(cap. 20 - pag. 111)

"- O gato da sua filha estava realmente morto?
- Eu pensei que sim - respondeu Louis.
- Tem de saber com certeza. É médico.
- Essas palavras soam quase a "tem de saber com certeza, Louis. É Deus". Eu não sou Deus. Estava escuro."
(cap. 26 - pag. 163)


"Louis Creed acabou por concluir que o último dia realmente feliz da sua vida foi em 24 de Março de 1984. Os acontecimentos que se seguiram , pairando sobre as suas cabeças, como uma espada mortal, ainda se distanciavam sete semanas, mas, ao fazer a retrospectiva daquelas sete semanas, nada descobriu que se destacasse com o anterior colorido. Supunha que, mesmo que nenhuma daquelas coisas terríveis houvesse acontecido, se lembraria do dia para sempre. "Os dias que parecem verdadeiramente bons - na íntegra - são, de qualquer maneira raros", pensou. Provavelmente em toda a vida de um homem, e na melhor das hipóteses, somente havia menos de um mês destes dias. Louis achava que Deus, em toda a Sua infinita sabedoria, parecia muito mais generoso quando se tratava de prodigalizar a dor."
(cap. 35 - pag. 218)

"Aquelas sepulturas, aquelas sepulturas dispostas em círculos quase druídicos.
As sepulturas do Samitério das Mascotes eram uma réplica do mais antigo símbolo religioso de todos os tempos: círculos que diminuíam numa espiral que se desenrolava não na direcção de um ponto, mas do infinito; a ordem a partir do caos ou o caos a partir da ordem, dependendo da perspectiva da mente. Tratava-se de um símbolo que os egípcios haviam cinzelado nos túmulos dos faraós, um símbolo que os fenícios tinham desenhado nas padiolas destinadas aos réis que caíam; existia nas paredes das grutas da antiga Micenas; os construtores da Stonehenge tinham-no criado como um relógio do tempo universal; surgia na Bíblia judaico-cristã, como um redemoinho onde Deus se envolvera para falar com Job.
A espiral era o mais antigo símbolo de poder do mundo, o símbolo mais antigo criado pelo homem ligado à ponte que pode existir entre o mundo e o abismo."
(cap. 42 - pag. 285)

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