quarta-feira, 1 de junho de 2011

Alice eu fui - Excertos

"Alice eu fui" de Melanie Benjamin

Contracapa: Alice eu fui é uma biografia romanceada de Alice Liddell, a criança que inspirou o grande clássico da literatura infanto-juvenil Alice no País das Maravilhas. É a primeira vez que a história é contada do ponto de vista irreverente da própria Alice - agora uma octogenária que olha em retrospectiva para o seu passado e reflecte sobre a jornada extraordinária que foi a sua vida para além do País das Maravilhas - e mostra-nos como o facto de ter sido a jovem protagonista mais famosa da história da literatura afectou toda uma vida que atravessa as eras vitoriana e eduardiana, desde os tempos passados em Oxford, aos amores tumultuados de Alice, pretensamente cortejada por um elemento da realeza, e aos conturbados últimos anos da sua vida, passando pela história encantatória de um mistério de infância que levou uma vida inteira a resolver. Com uma intriga bem construída, esta narrativa explora a natureza elusiva e indecifrável do amor e da sexualidade, presentes na psique humana desde a infância, e ajuda-nos, através dos factos narrados, a compreender os assombros e os abismos, as passagens para o outro lado do espelho. História de amor e mistério literário, esta obra entretece com brilhantismo factos e ficção para captar o espírito apaixonado de uma mulher verdadeiramente inspiradora.

Excertos

"Mas, ó minha querida, eu estou farta de ser Alice no País das Maravilhas. Parece-te ingratidão da minha parte? E é. Só que estou mesmo farta."
(Cuffnells, 1932 - pag. 13)

"A minha mãe riu-se. - Está claro que não! As minhas filhas não haverão de se casar com professores universitários. As minhas expectativas vão muito para além disso! - Com certeza. Eu ficaria desapontado se esperasse o contrário... São umas pérolas. E, por conseguinte, só deveriam ser leiloadas pela proposta mais alta. Fiquei muito confusa. Só os escravos eram vendidos em leilão, e havia muito tempo que a escravatura fora abolida."
(Oxford, 1859 - cap.2 - pag. 49)

"- Era uma vez uma menina chamada Alice - começou ele. - Oh! - Não me consegui conter. Mr. Dodgson já nos contara centenas de histórias, histórias nas quais reconhecíamos, mesmo que fossem absurdas, outras pessoas. Mas era a primeira vez que dava o nosso nome a uma personagem. Ofereci-lhe um sorriso, à espera. A Ina baixou os olhos para o colo, a sua expressão furiosa. - A Alice começava a ficar muito farta de estar sentada ao lado da irmã na margem - prosseguiu ele, sem dar um nome à irmã, para meu perpétuo deleite."
(Oxford, 1859 - cap. 4 - pag. 89)

"Meu querido amor, Estou morta de preocupação por sua causa. Sinto-me obrigada a manter um ar digno e distanciado, expressando a minha leve apreensão, pois, naturalmente, enquanto filha do Decano, deveria ficar convenientemente desejosa por receber notícias da sua saúde. Todavia, "convenientemente desejosa" não chega nem de perto nem de longe para revelar a angústia que me vai na alma. Anseio por estar ao seu lado; invejo os médicos que têm o privilegio de cuidar de si. Oh, oxalá fosse a minha mão a limpar-lhe a testa, a segurar a sua, a dar-lhe a comer sopas nutritivas! Entende agora o meu desespero? É capaz de imaginar Miss Alice Liddell a carregar uma terrina de sopa entre as suas mãos alvas como os lirios?"
(Oxford, 1875, cap. 9 - pag. 173)

1 comentário:

Diana Marques disse...

E então, já estás a gostar mais?