sexta-feira, 24 de julho de 2009

A MULHER DO VIAJANTE DO TEMPO - excertos

Contracapa:
"Quando se encontram pela primeira vez ela é uma jovem estudante de artes plásticas e ele um intrépido bibliotecário de vinte e oito anos. Claire já o conhecia desde os seis anos... Henry acabava de a conhecer... Estranho?!"

Ps. O filme vai sair ainda este ano nos estados unidos.- Trailer
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(observação: antes de cada excerto está escrito o nome da personagem que narra)

"Clare: Custa ser deixada para trás. Espero por Henry sem saber onde se encontra, perguntando-me se estará bem. Custa ser a que fica.
Mantenho-me ocupada. O tempo passa mais depressa assim.
Adormeço sózinha e acordo sozinha. Ando a pé. Trabalho até me cansar. Observo o vento a brincar com o lixo que passou o Inverno inteiro debaixo da neve. Tudo parece simples até começar-mos a pensar nas coisas. Porque será que a ausência favorece o amor?
Há muito tempo, os homens partiam para o mar e as mulheres esperavam por eles à beira-mar, esquadrinhando o horizonte à procura do minúsculo barco. Agora, eu espero por Henry. Ele desaparece involuntáriamente, sem aviso. Eu espero-o. Cada momento de espera parece um ano, uma eternidade. Tão lento e transparente como o vidro. Através de cada momento vejo momentos enfileirados, esperando. Porque foi ele para onde não posso segui-lo?"
(Prólogo - pag. 17)
"(Quinta-feira, 12 de Abril de 1984 - Henry tem 36 anos e Clare 12 anos)
Henry:
Após um intervalo de cocegas e espernamento, deitamo-nos no chão com as mãos entrelaçadas sobre as nossas cinturas e ela pergunta: - A tua mulher também é viajante no tempo?
- Não. Graças a Deus.
- Graças a Deus porquê? Acho que seria divertido. Podiam ir a lugares juntos.
- Um viajante no tempo por família é mais do que suficiente. É perigoso, Clare.
- Ela preocupa-se contigo?
- Sim. - respondo, docemente - Preocupa-se. - Pergunto-me o que estará Clare a fazer agora, em 1999. Talvez ainda esteja a dormir. Talvez não saiba que eu parti.
- Ama-la?
- Muito - murmuro.
Ficamos deitados em silêncio ao lado um do outro, observando o ondular das árvores, os pássaros, o céu. Ouço um fungar abafado, olho para Clare e fico estupefacto ao ver as lágrimas correrem-lhe dos cantos dos olhos para as orelhas. Sento-me e inclino-me para ela.
- O que foi? - pergunto, mas ela limita-se a abanar a cabeça e a comprimir os lábios. Afago-lhe o cabelo, levanto-a até ficar sentada e envolvo-a nos braços. Ela é uma criança e, ao mesmo tempo não é. - O que tens?
As palavras soltam-se tão baixinho que tenho de lhe pedir que as repita:
- É que eu pensava que talvez fosses casado comigo."
(Lições de Sobrevivencia - pag. 81)

"(Terça, 24 de Dezembro de 1991 - Clare tem 20 anos e Henry 28 anos)
Clare: Henry parece prestes a desmaiar. Querido Deus, por favor não permitas que ele desapareça agora. O padre Comptom está a dar-nos as boas vindas, na sua voz de locutor de rádio. Meto a mão na algibeira do sobretudo de Henry, enfio os dedos no buraco do fundo, encontro a sua pila e aperto-a. Ele salta, como se lhe tivesse dado um choque electrico. 'O senhor esteja convosco' diz o padre Compton. 'E convosco também' , respondemos todos serenamente."
(Vespera de Natal - três , pag. 186)

"(Domingo, 24 de Maio de 1992 - Clare tem 21 anos e Henry 28 anos)
Clare: - Mas quanto sexo é suficiente?
- Para mim? Oh, meu Deus! A minha ideia de vida perfeita seria estarmos sempre na cama. Podiamos fazer amor mais ou menos continuamente e só nos levantármos para irmos buscar provisões, tipo àgua fresca e fruta para evitar o escorbuto, e incursões ocasionais à casa de banho, também poderiamos mudar os lençóis. E ir ao cinema, para evitar escaras. E correr. Eu teria de continuar a correr todas as manhãs.
Correr é uma religião para Henry.
- Correr para quê, se já farias tanto exercicio?
Fica de súbito sério.
- Porque, muito frequentemente, a minha vida depende de correr mais depressa do que quem me persegue."
(Aniversário, pag. 217)

"Domingo, 12 de Outubro de 2003 - Clare tem 32 anos e Henry 40)
Clare: (...) Ás vezes sinto-me contente quando Henry desaparece, mas sinto-me sempre contente quando ele regressa."
(Segredo, pag 371)

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