"A paixão de Bastian Baltasar Bux eram os livros.
Quem nunca passou tardes inteiras diante de um livro, com as orelhas a arder e o cabelo caído para a cara, esquecido de tudo o que o rodeia e sem se dar conta de que está com fome ou com frio...
Quem nunca se escondeu por debaixo dos cobertores da cama a ler um livro à luz da lanterna electrica, depois de o pai ou a mae ou qualquer outro adulto lhe ter apagado a luz, com o argumento bem-intencionado de que são horas de ir para a cama, pois no dia seguinte é preciso levantar cedo...
Quem nunca chorou às escondidas ou diante de toda a gente, lágrimas amargas porque uma história maravilhosa chegou ao fim e é preciso dizer adeus a personagens na companhia das quais se viveram tantas aventuras, que se amaram e se admiraram, pelas quais se temeu e ansiou, e sem cuja companhia a vida parece vazia e sem sentido...
Quem não conhece tudo isto por experiencia própria provavelmente não pode compreender o que Bastian fez em seguida."
(p. 12)
"- A imperatriz criança está doente - retomou Atreiú.- Sabias?
- Tanto nos faz, não é verdade, velha? - respondeu Morla. Parecia falar consigo mesma desta maneira estranha, talvez porque não tinha mais ninguém com quem falar, sabe Deus há quanto tempo.
- Se não a salvarmos, morre - insistiu Atreiú.
- Tanto nos faz - respondeu Morla.
- Mas se ela morrer, Fantasia deixa de existir - exclamou Atreiú. -O nada está já a alastrar por toda a parte. Vi-o com os meus próprios olhos.
Morla fixou-o com os seus olhos enormes e vazios.
- Pouco nos importa, não é verdade, velha? - gorgolejou ela.
- Mas morrereamos todos! - gritou Atreiú. - Todos!
- Ouva lá, pequeno - respondeu Morla -, e o que é que isso nos rala? Para nós já nada tem importância. Tudo nos é indiferente, não queremos saber de nada.
- Mas não queres desaparecer, Morla! - gritou Atreiú encolerizado. - Porque tu também vais desaparecer! Ou pensas que és tão velha que vais sobreviver depois de Fantasia ter deixado de existir?
- Ouve lá - gorgolejou Morla -, somos velhas, pequeno, velhas de mais. Já vivemos bastante. Já vimos muito. Para quem sabe tanto como nós, nada é importante. Tudo se repete eternamente, dia e noite, Verão e Inverno; o mundo está vazio e não tem significado. Tudo tem de morrer. Tudo passa, o bem e o mal, o estupido e o inteligente, o belo e o feio. Tudo é o vazio. Nada é real. Nada é importante."
(p. 54)
" Quando o lobisomem voltou a falar, a sua voz soou asperamente:
- Já viste o Nada, filhinho?
- Já, muitas vezes.
- Que aspecto tem?
- É como se uma pessoa estivesse cega.
- Pois bem... Quando entram no Nada, este apodera-se de vós. Passam a ser como uma doença contagiosa, que cega os homens, tornando-os incapazes de distinguir entre a aparência e a realidade. Sabes o nome que eles vos dão?
- Nao - murmurou Atreiú.
- Mentiras! - ladrou Gmork. "
(p. 117)
" -Porque está tão escuro, Filha da Lua? - perguntou ele.
- O principio é sempre escuro, Bastian. "
(p. 156)
"- Que diz a inscrição? - perguntou Atreiú.
- 'FAZ O QUE QUISERES' - leu Bastian.
Atreiú olhou fixamente o 'Signo'.
- Então é isso que diz? - murmurou ele. O seu rosto não exprimia qualquer emoção e Bastian não foi capaz de adivinhar o que ele estava a pensar. Por isso perguntou:
- Se tivesses sabido, actuarias de maneira diferente?
- Não - respondeu Atreiú -, fiz o que queria. "
(p. 205)
"- Bastian! - disse Atreiú em tom quase implorante. - Não há nada que te chame para o teu mundo? Não há lá nada de que gostes? Não te lembras do teu pai, que concerteza te espera e que deve estar preocupado?
Bastian abanou a cabeça.
- Acho que não- Talvez até esteja contente por se ver livre de mim.
Atreiú olhou para o amigo, pertubado.
- Quando os oiço falar assim - disse Bastian amargamente -, quase sou levado a pensar que se querem ver livres de mim.
- Que queres dizer com isso? - perguntou Atreiú com a voz velada.
- Ora! - respondeu Bastian. - Voçês os dois só querem saber de uma coisa. Fazer com que eu desapareça o mais depressa possível de Fantasia."
(p. 233)
"Atreiú encostou a ponta da espada ao peito de Bastian.
- Dá-me o signo - disse ele -, para teu próprio bem.
- Traidor! - gritou-lhe Bastian. - És uma criatura minha! Fui eu que dei vida a tudo o que existe! E a ti também! Viras-te contra mim? Ajoelha e pede-me perdão"
- Estás louco - respondeu Atreiú. - Tu não criaste nada. Deves tudo á imperatriz criança! Dá-me AURIN!
- Tira-mo se fores capaz! - disse Bastian
Atreiú hesitou.
- Bastian - disse ele. -, porque me obrigas a vencer-te para te salvar?"
(p. 288)
(p. 12)
"- A imperatriz criança está doente - retomou Atreiú.- Sabias?
- Tanto nos faz, não é verdade, velha? - respondeu Morla. Parecia falar consigo mesma desta maneira estranha, talvez porque não tinha mais ninguém com quem falar, sabe Deus há quanto tempo.
- Se não a salvarmos, morre - insistiu Atreiú.
- Tanto nos faz - respondeu Morla.
- Mas se ela morrer, Fantasia deixa de existir - exclamou Atreiú. -O nada está já a alastrar por toda a parte. Vi-o com os meus próprios olhos.
Morla fixou-o com os seus olhos enormes e vazios.
- Pouco nos importa, não é verdade, velha? - gorgolejou ela.
- Mas morrereamos todos! - gritou Atreiú. - Todos!
- Ouva lá, pequeno - respondeu Morla -, e o que é que isso nos rala? Para nós já nada tem importância. Tudo nos é indiferente, não queremos saber de nada.
- Mas não queres desaparecer, Morla! - gritou Atreiú encolerizado. - Porque tu também vais desaparecer! Ou pensas que és tão velha que vais sobreviver depois de Fantasia ter deixado de existir?
- Ouve lá - gorgolejou Morla -, somos velhas, pequeno, velhas de mais. Já vivemos bastante. Já vimos muito. Para quem sabe tanto como nós, nada é importante. Tudo se repete eternamente, dia e noite, Verão e Inverno; o mundo está vazio e não tem significado. Tudo tem de morrer. Tudo passa, o bem e o mal, o estupido e o inteligente, o belo e o feio. Tudo é o vazio. Nada é real. Nada é importante."
(p. 54)
" Quando o lobisomem voltou a falar, a sua voz soou asperamente:
- Já viste o Nada, filhinho?
- Já, muitas vezes.
- Que aspecto tem?
- É como se uma pessoa estivesse cega.
- Pois bem... Quando entram no Nada, este apodera-se de vós. Passam a ser como uma doença contagiosa, que cega os homens, tornando-os incapazes de distinguir entre a aparência e a realidade. Sabes o nome que eles vos dão?
- Nao - murmurou Atreiú.
- Mentiras! - ladrou Gmork. "
(p. 117)
" -Porque está tão escuro, Filha da Lua? - perguntou ele.
- O principio é sempre escuro, Bastian. "
(p. 156)
"- Que diz a inscrição? - perguntou Atreiú.
- 'FAZ O QUE QUISERES'
Atreiú olhou fixamente o 'Signo'
- Então é isso que diz? - murmurou ele. O seu rosto não exprimia qualquer emoção e Bastian não foi capaz de adivinhar o que ele estava a pensar. Por isso perguntou:
- Se tivesses sabido, actuarias de maneira diferente?
- Não - respondeu Atreiú -, fiz o que queria. "
(p. 205)
"- Bastian! - disse Atreiú em tom quase implorante. - Não há nada que te chame para o teu mundo? Não há lá nada de que gostes? Não te lembras do teu pai, que concerteza te espera e que deve estar preocupado?
Bastian abanou a cabeça.
- Acho que não- Talvez até esteja contente por se ver livre de mim.
Atreiú olhou para o amigo, pertubado.
- Quando os oiço falar assim - disse Bastian amargamente -, quase sou levado a pensar que se querem ver livres de mim.
- Que queres dizer com isso? - perguntou Atreiú com a voz velada.
- Ora! - respondeu Bastian. - Voçês os dois só querem saber de uma coisa. Fazer com que eu desapareça o mais depressa possível de Fantasia."
(p. 233)
"Atreiú encostou a ponta da espada ao peito de Bastian.
- Dá-me o signo - disse ele -, para teu próprio bem.
- Traidor! - gritou-lhe Bastian. - És uma criatura minha! Fui eu que dei vida a tudo o que existe! E a ti também! Viras-te contra mim? Ajoelha e pede-me perdão"
- Estás louco - respondeu Atreiú. - Tu não criaste nada. Deves tudo á imperatriz criança! Dá-me AURIN!
- Tira-mo se fores capaz! - disse Bastian
Atreiú hesitou.
- Bastian - disse ele. -, porque me obrigas a vencer-te para te salvar?"
(p. 288)
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